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Salvar vidas e poupar recursos são vantagens do acesso aos dados clínicos do doente

O acesso dos farmacêuticos aos dados clínicos dos doentes contribui para salvar vidas, poupar tempo e recursos ao sistema nacional de saúde. Estas são algumas das conclusões do debate sobre o tema, realizado durante o 3º Encontro SPFCS: O que Levamos para Marte, promovido pela Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde (SPFCS), neste fim de semana, em Aveiro.

Farmacêuticos apresentam diversos estudos de caso

Vários estudos de caso, apresentados durante o evento por parte de farmacêuticos de farmácia hospitalar, de farmácia comunitária, de análises clínicas e de clínicas de diálise, evidenciaram a mais-valia do acesso aos dados clínicos do doente. A ausência desta partilha de informação dificulta a compreensão de qual a melhor terapêutica para o doente e não permite avaliar as incompatibilidades entre medicamentos. Em última análise, pode salvar vidas.

Um dos casos clínicos apresentados refere-se a uma cuidadora profissional, com três idosos a seu cargo, para os quais possuía três sacos com medicação, mas sem qualquer indicação médica a quem se destinavam. A “investigação” conduzida pelo farmacêutico envolveu a procura do médico de família – para se descobrir que se havia reformado e não existir um substituto. O enfermeiro de família, muito solícito, permitiu o agendamento de uma consulta para daí a três dias. Infelizmente, um dos idosos, devido à falta de medicação adequada, acabou por ser internado de urgência no hospital. O acesso aos dados destes doentes teria facilitado a medicação e evitado consequências negativas para estas pessoas.

Outro caso envolve uma pessoa que entra numa farmácia comunitárias com dor crónica, episódio de urticária e quadro depressivo e discurso suicida. Efetuada uma consulta farmacêutica de urgência no mesmo dia, procurou-se apurar toda a documentação possível sobre os medicamentos prescritos à doente. O quadro depressivo dificultou o processo, igualmente em resultado de insónia grave superior a 30 dias. Encaminhada para consulta de avaliação psiquiátrica, a falta de recursos humanos adiou esta possibilidade mais de um mês, até se perceber que a sucessiva prescrição de medicamentos originara conflitos entre eles, os quais provocavam, entre outros efeitos secundários, a urticária. A intervenção farmacêutica permitiu acertar a dose do medicamento para tratamento da tiroide, controlar quase todos os sintomas psiquiátricos e reduzir a medicação crónica em mais de 50%.

Estes dois casos, entre outros apresentados ao longo do 3º Encontro SPFCS, comprovam a urgência do acesso aos dados clínicos dos doentes, no sentido de lhes ser prestado um melhor serviço, salvando vidas e poupando inúmeros dos escassos recursos disponíveis o sistema de saúde nacional.

O 3º Encontro SPFCS decorreu presencialmente no Meliá Ria Hotel, em Aveiro, nos dias 9 e 10 de julho, com transmissão simultânea via plataforma digital interativa, destinando-se aos farmacêuticos membros da SPFCS.