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Salvar vidas e poupar recursos são vantagens do acesso aos dados clínicos do doente

Farmacêuticos apresentam diversos estudos de caso

O acesso dos farmacêuticos aos dados clínicos dos doentes contribui para salvar vidas, poupar tempo e recursos ao sistema nacional de saúde. Estas são algumas das conclusões do debate sobre o tema, realizado durante o 3º Encontro SPFCS: O que Levamos para Marte, promovido pela Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde (SPFCS), no fim de semana de 9 e 10 de julho, em Aveiro.

Vários estudos de caso, apresentados durante o evento por parte de farmacêuticos de farmácia hospitalar, de farmácia comunitária, de análises clínicas e de clínicas de diálise, evidenciaram a mais-valia do acesso aos dados clínicos do doente. A ausência desta partilha de informação dificulta a compreensão de qual a melhor terapêutica para o doente e não permite avaliar as incompatibilidades entre medicamentos. Em última análise, pode salvar vidas.

Um dos casos clínicos apresentados refere-se a uma cuidadora profissional, com três idosos a seu cargo, para os quais possuía três sacos com medicação, mas sem qualquer indicação médica a quem se destinavam. A “investigação” conduzida pelo farmacêutico envolveu a procura do médico de família – para se descobrir que se havia reformado e não existir um substituto. O enfermeiro de família, muito solícito, permitiu o agendamento de uma consulta para daí a três dias. Infelizmente, um dos idosos, devido à falta de medicação adequada, acabou por ser internado de urgência no hospital. O acesso aos dados destes doentes teria facilitado a medicação e evitado consequências negativas para estas pessoas.

Outro caso envolve uma pessoa que entra numa farmácia comunitárias com dor crónica, episódio de urticária e quadro depressivo e discurso suicida. Efetuada uma consulta farmacêutica de urgência no mesmo dia, procurou-se apurar toda a documentação possível sobre os medicamentos prescritos à doente. O quadro depressivo dificultou o processo, igualmente em resultado de insónia grave superior a 30 dias. Encaminhada para consulta de avaliação psiquiátrica, a falta de recursos humanos adiou esta possibilidade mais de um mês, até se perceber que a sucessiva prescrição de medicamentos originara conflitos entre eles, os quais provocavam, entre outros efeitos secundários, a urticária. A intervenção farmacêutica permitiu acertar a dose do medicamento para tratamento da tiroide, controlar quase todos os sintomas psiquiátricos e reduzir a medicação crónica em mais de 50%.

Estes dois casos, entre outros apresentados ao longo do 3º Encontro SPFCS, comprovam a urgência do acesso aos dados clínicos dos doentes, no sentido de lhes ser prestado um melhor serviço, salvando vidas e poupando inúmeros dos escassos recursos disponíveis o sistema de saúde nacional.

O 3º Encontro SPFCS decorreu presencialmente no Meliá Ria Hotel, em Aveiro, nos dias 9 e 10 de julho, com transmissão simultânea via plataforma digital interativa, destinando-se aos farmacêuticos membros da SPFCS.